MINHA ARTE/ ELOMAR FIGUEIRA MELLO

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Elomar Figueira Mello, nascido em 21 de dezembro de 1937, primogênito do Sr. Ernesto Santos Mello e D. Eurides Gusmão Figueira Mello produz suas primeiras composições aos onze anos de idade.  Aos 17 Começa, então, propriamente as composições literárias e musicais numa sequência interminável, mas sem ainda ter uma linha definida. Destas Calendas são: Calundu e Kacorê, Prelúdio nº Sexto, Samba do Jurema, logo após, Mulher Imaginária, Canção da Catingueira e abertura de O Retirante. Em 1959-1960, começam a lhe chegar ideias de trabalhos maiores em envergadura e vai compondo aleatoriamente o ciclo das canções. Contudo, sempre preso à mesma temática, as vicissitudes do homem, seus sofrimentos, suas alegrias na terrível travessia que é a sua vida e, sobretudo, seu relacionamento com o Criador. Isto, é claro, a partir do seu elemento circunstancial, o Sertão, sua pátria. Verdadeiramente, onde vive.
Em 1966, já arquiteto e morando no sertão, casa-se com Adalmária, doutora em Direito, e filha da capital, contudo de origem “sertaneza”, da qual nascem Rosa Duprado, João Ernesto e João Omar. Enquanto muito trabalha à arquitetura menos vai compondo, sonhando com certa estabilidade econômica (que nunca chegou) para dedicar-se integralmente à música. João Omar, Maestro e Compositor, acompanha o pai desde os nove anos de idade.
Em 1969, sela o caderno da sua primeira ópera, o “Auto do Catingueira”, mais tarde, parcialmente partiturada, face o caráter popular da obra. Durante a década de 70, projetou muito da arquitetura e um pouco mais na música. No começo dos anos 80 inicia a carreira de peregrino menestrel, de viola na mão, errante, de palco em palco pelos teatros do país, conquistando uma pequena platéia composta de poetas, músicos, compositores e de intelectuais de linhagem pura, sem modernosas e, por fim, de simples pessoas do povo, atraídas mais pela linguagem dialetal, a temática sertânica e as melodias fora de moda e (segundo Dr. Raimundo Cunha) indançáveis.
A sua música é deslumbrante. Ele se encontra entre os mais singulares artistas brasileiros. Um caldeirão irresistível que mistura a trova medieval, cantos ibéricos à oralidade do sertão nordestino, Elomar é, sem medo de exagerar, uma espécie de Guimarães Rosa da canção brasileira.
Suas canções têm melodias belíssimas e bem estruturadas, ponteadas por seu violão de formação erudita e letras repletas de neologismos, expressões do Brasil profundo, um quase dialeto da catinga. Seus personagens são cavaleiros andantes, reis em castelos, mocinhas desprotegidas, o sertanejo que foge da seca e da miséria. Sua canção “Chula no Terreiro” é um épico de indescritível beleza sobre a saga os retirantes que deixam tudo para trás “Pra i corrê o trêcho no chão de Son Palo”, como ele mesmo grafa, no idioma sertanês.
Elomar retornou à Vitória da Conquista. Desde a década de 80, prefere viver quase recluso entre a Fazenda Gameleira, que ele chama de Casa dos Carneiros, imortalizada na música “Cantiga do Amigo”, e na Fazenda Duas Passagens que se localiza na bacia do Rio Gavião e na Fazenda Lagoa dos Patos, na Chapada Diamantina.
Seu comportamento é o avesso do que se pode chamar de um artista. Nunca fez questão de fazer grandes gravações comercias. Seus discos são todos gravados de maneira precárias, com sons naturais da fazenda ao fundo. Viajou durante um tempo com Vital Farias, Xangai e Geraldo Azevedo no que talvez tenha sido o seu maior sucesso comercial, gerando os álbuns da ´serie “Cantoria”.
Elomar emite opiniões, no mínimo, controversas. Criticou a indicação de Gilberto Gil para o ministério da Cultura, em 2003, foi um dos primeiros a alertar para a “possibilidade” da bandeira brasileira se tornar vermelha nos anos petistas e, ao fim e a cabo, disse recentemente que o coronavírus é um vírus chinês.
Que o leitor faça então um pequeno exercício de tolerância e independência e mergulhe na obra de Elomar Figueira de Mello. Entre seus poucos álbuns, realizados de maneira modesta, estão algumas das maiores obras da música popular brasileira.

ARRUMAÇÃO

CAMPO BRANCO

 


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